Todos os projectos implicam, à partida, um traço orientado a bom porto, caso contrário o rumo da viagem poderá ser enganador – por alguma razão os navegadores de Cristóvão Colombo pensaram que os índios eram os indianos!
Logo, uma “resolução de ano novo” é uma decisão coordenada ao infortúnio porque se é resolução refere-se a questões de anos velhos, se fosse de ano novo seria um projecto.
Ora, se o futuro é pensado como uma consequência do passado, o presente torna-se um fantasma, uma forma vazia, que invoca os versos de António Variações quando dizia “eu só estou bem onde eu não estou, eu só quero ir onde eu não vou”. Viver para o que não se tem empobrece o valor do que já se conquistou, porque o probre não é o que não tem, é aquele que não sabe o que tem.
“Fazer o que nunca foi cumprido…”, diz-se para o ano novo, recompor a perda do que nunca se chegou a ter… “Podia ter sido…”. Esta é a foice do prazer e a chama da comiseração, porque o prazer de viver não está nas coisas que se fazem, é aquela coisa invisível que vem das coisas que se vivem.
O que podia ter sido já não tem resolução, mas o que ainda pode ser é, sim, um belo projecto.
Feliz 2013!
